#8M: Articulação Global de Mulheres convoca paralisação mundial no 8 de março
Paralisação Internacional convocada pelo Women's Strike e Ni Una Menos tem adesão massiva.
Estamos testemunhando um novo crescimento do movimento feminista em todo o mundo. Os últimos anos foram marcados por milhares de manifestações e debates públicos em torno da questão de gênero. Os protestos estão cada dia mais frequentes, as ruas cada vez mais cheias e essa tendência não é diferente para 2017!
A novidade esse ano é o surgimento de uma articulação global de diferentes movimentos que marcam essa nova era de protestos feministas. Cerca de 200 cidades de 33 países estão se articulando em torno de uma Paralisação Internacional de Mulheres convocada pelo Women's Strike e o Ni Una Menos, que tem mobilizado milhões de pessoas em seus atos em todos os continentes.
A ideia de uma greve no simbólico Dia Internacional da Mulher começou quando, em 2016, o movimento latino americano Ni Una Menos realizou um chamado para o ato #NiUnaMenos e uma greve no dia 19 de outubro, após o chocante feminicídio da jovem de 16 anos Lúcia Perez, na Argentina, um dia após o Encontro de Mulheres que aconteceu em Rosário. No último dia do encontro, uma marcha que reuniu 70 mil mulheres foi duramente reprimida e repercutiu pela mídia.
Esse chamado conseguiu agregar mais de 250 mil pessoas em Buenos Aires e muitas mulheres pelo mundo, solidárias à barbárie. O que começou como uma campanha pedindo que as vidas das mulheres não fossem finalizadas pela misoginia, levou a discussão sobre a violência econômica que também sofremos, além da física e psicológica. As mulheres são, em diversas atividades, grande parte da categoria trabalhadora, e ainda ganham menores salários, além de manter a jornada de trabalho doméstico ainda muito maior que a dos homens. Logo depois, em 25 de novembro (Dia de luta internacional pela erradicação das violências contra as mulheres) realizaram-se outras mobilizações internacionais, muito importantes na América Latina, desdobrando as tradicionais iniciativas desta data numa jornada de diversas agendas.
Depois desses dois grandes momentos, os movimentos de mulheres foram se juntando, conversando e decidindo em conjunto que dia 8 seria um bom dia para parar. No mundo inteiro.
No Brasil, as reformas trabalhistas, da previdência e o congelamento dos investimentos em áreas básicas como saúde e educação através da PEC 55, irão prejudicar e mudar muito a vida das trabalhadoras. O principal chamamento para a parada brasileira está diretamente ligada à luta contra a perda dos direitos dessas mulheres, em especial as mulheres negras e periféricas.
A agenda dos protestos contra os desmontes do governo irá além do dia 8. Assim como os 16 dias de ativismo, que começaram em 25 de novembro, o mês de março está sendo organizado de modo a juntar os movimentos em outras atividades comuns, de formação, de mobilização, trazendo cada vez mais unidade ao movimento de mulheres brasileiras e cada vez mais clareza do que está em jogo com as mudanças propostas pelo governo.
É possível somar ao movimento também através das redes sociais: existem grupos de mobilização nacional e locais, páginas divulgando reuniões, encontros, plenárias, agendas de formação. Em diversas cidades, reuniões, plenárias, fóruns de mulheres tem se reunido para discutir o formato do paro: uma hora no trabalho, o dia todo, unificando uma cor que represente o dia, fazendo festa, falas, com música, cartazes, apitos. É possível organizar sua contribuição mobilizando as mulheres do seu entorno para fazer alguma ação que as conecte à parada geral.
Será um dia para lembrar que as mulheres estão na luta e não vão deixar que seus direitos sejam retirados.
Confira os países que param no dia 8: Austrália, Bolívia, Brasil, Chile, Costa Rica, República Checa, Equador, Inglaterra, França, Alemanha, Guatemala, Honduras, Islândia, Irlanda do Norte, Irlanda, Israel, Itália, México, Nicarágua, Peru, Polônia, Rússia, El Salvador, Escócia, Coreia do Sul, Suécia, Togo, Turquia, Uruguai, Paraguai, Venezuela, República Dominicana e EUA.