Promotor de Justiça alerta para preservação dos recursos hídricos do Tocantins, em palestra do II Seminário de Gestão Socioambiental
“Não sabemos até quando nossas bacias hidrográficas vão sustentar o aumento da produção agropecuária”. A afirmação é do promotor de Justiça Francisco Brandes Júnior, durante palestra nesta terça-feira, 7, no II Seminário de Gestão Socioambiental, realizado no auditório do Tribunal de Justiça e que este ano teve como tema “Águas do Tocantins”.
“Se continuarmos assim, não vai haver água para eles [os produtores rurais], não haverá água na natureza e não haverá água para as próximas gerações”, afirmou o promotor, que é titular da Promotoria de Justiça Regional Ambiental da Bacia do Alto Médio Araguaia.
Durante sua fala, Brandes questionou a forma como políticos, gestores e órgãos ambientais tratam a questão hídrica no Estado do Tocantins. “Existe uma precarização da legislação e de algumas fiscalizações. É preciso que todos tenham vontade e assumam o compromisso de mudar essa situação, hoje e agora”, disse o promotor.
Ele comentou ainda que atualmente as captações de recursos hídricos em larga para fins agroindustriais, associadas aos períodos de poucas chuvas tradicionalmente no Estado do Tocantins, podem estar prejudicando toda a cadeia que depende das águas para sobreviver e se locomover.
“Tenho dúvidas se daqui a dez anos as belezas naturais deste Estado serão uma realidade ou serão vistas apenas por meio de imagens e registros antigos. Existe uma correlação direta entre desmatamentos, aumento de área plantada e exaurimento de recursos naturais”, afirmou Brandes.
O promotor disse ainda que é necessário que a economia se desenvolva e gere riquezas ao Estado, mas ponderou que deve haver, sim, um equilíbrio. E para que isso ocorra, é necessário que órgãos e instituições atuem visando preservar o meio ambiente.
O seminário, que começou na segunda-feira, 6, terminou nesta terça, 7.
Também se pronunciaram no evento a desembargadora Ângela Prudente, presidente da Comissão Gestora do Plano de Logística Sustentável do Poder Judiciário Tocantinense (CGPLS/PJTO); Miyuki Hyashida, secretária do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Tocantins; Aldo Araújo de Azevedo, mestre em Gestão de Recursos Hídricos, pela Universidade Federal de Viçosa (UFV/MG); Adriano Prysthon, mestre em Recursos Pesqueiros, pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE); Luís Henrique Fróes Michelin, mestre em Defesa Sanitária; e Flávia Tavares de Matos, pesquisadora de Pesca e Aquicultura da Embrapa.
Notícias Relacionadas
MPTO instaura procedimentos para apurar qualidade da água fornecida em Palmas
MPTO aciona justiça para garantir qualidade da água em Novo Acordo
MPTO requer melhoria da qualidade da água fornecida por concessionárias em Colinas e Couto Magalhães e cobra fiscalização
No Tocantins, luta do Ministério Público pela preservação da bacia do rio Formoso conquista decisão importante para a preservação de recursos hídricos ameaçados no Cerrado brasileiro
Servidores do Caoma participam de capacitação no Ministério Público do Mato Grosso
Justiça acolhe pedidos do MPTO e manda Município de Porto Nacional reparar trecho de rodovia que oferece risco aos motoristas devido ao acúmulo de água