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11/03/2020

Projeto para reduzir a reincidência dos casos de violência contra a mulher prossegue com encontro no MPTO

O projeto “Desconstruindo o mito de Amélia: práticas de reabilitação de pessoas agressoras nos casos de violência doméstica e familiar” realizou, nesta terça-feira, 10, o primeiro encontro com o segundo grupo reflexivo, composto por réus em processos judiciais, enquadrados na Lei Maria da Penha, e por homens que procuraram espontaneamente o serviço. A atividade ocorreu na sede do Ministério Público do Tocantins (MPTO).


Com o objetivo de reabilitar e ressocializar o autor de agressão, o projeto promove reflexão para que os homens possam compreender que comportamentos possessivos, não reconhecidos por eles mesmos, geram condutas abusivas.


No encontro, foi promovida reflexão grupal, mediada por profissionais facilitadores, com o objetivo de levar os homens a se expressar, discutir ideias, socializar experiências, reconhecer os seus erros e perceber que a violência também os prejudica. A condução dos debates visa conduzir à conclusão de que a violência doméstica é reflexo de comportamentos equivocados, construídos culturalmente. O projeto é alicerçado na Metodologia de Paulo Freire, que agrega temas e conceitos à vivência diária da pessoa.


No caso dos homens encaminhados pelo Poder Judiciário por infração à Lei Maria da Penha, a presença nos encontros é obrigatória e pode significar um atenuante na sentença final. Serão realizados 10 encontros, de periodicidade quinzenal, com grupos formados por quinze integrantes.


Facilitadores
Os encontros do projeto são conduzidos por uma equipe multidisciplinar, composta por psicólogos, psicopedagogos, assistente social e operador do Direito. Os temas trabalhados no grupo são previamente planejados pela equipe, visando colocar em foco não apenas as vítimas de violência doméstica, mas também os agressores.


Na avaliação da psicóloga Even Amanda, da Secretaria de Saúde de Palmas, o grupo reflexivo de homens mostra-se uma ferramenta oportuna e potente, orientada às relações interpessoais. “Neste espaço de diálogo e escuta ativa, conseguimos provocar discussões de gênero e questionamentos acerca de si e dos outros, operando em direção à possibilidade da ressignificação de perspectivas. Durante o primeiro encontro, foi possível observar o rompimento de algumas resistências, baseadas, em especial, no sentimento de ‘não serem escutados’, e o interesse de muitos dos participantes em aprender”.

Para a psicopedagoga Leila Maria Lopes, do MPTO/ Núcleo maria da Penha, o projeto Desconstruindo o Mito de Amélia é uma proposta de intervenção inovadora, e ao mesmo tempo desafiadora, de caráter educativo e preventivo.